Um dos principais desafios de construir novos espaços a um edifício pré-existente tem relação com o diálogo que será gerado entre a massa construída e a nova proposta. As distintas possibilidades de gerar um diálogo são infinitas e é o arquiteto quem finalmente declara sua postura mediante o uso de uma linguagem determinada através de uma cópia, reinterpretação ou ao propor algo inovador.
O Museu de Belas Artes, de Barozzi Veiga, é uma obra localizada na Suíça que funciona de maneira autônoma, utiliza a integração urbana do prédio como estratégia chave para gerar um diálogo no espaço público, trabalhando com o uso do ornamento na fachada e a composição da planta como elementos de linguagem comum entre ambas as partes.
O Projeto do Mês de agosto trabalha precisamente com a geração de um diálogo que produz um equilíbrio entre a obra existente e a nova, reinterpretando sua linguagem original ao adaptá-la com muita delicadeza ao conjunto urbano onde está inserida.
Proposta de coesão urbana
A principal operação da proposta consiste na inversão do programa ao soterrar a galeria e os espaços de exposição minimizando a ocupação do solo no nível da rua e ao mesmo tempo gerando novos espaços públicos que são criados ao deixar o prédio aberto para a passagem pública. Desta maneira, a Villa passa a ser um complexo aberto que gera um diálogo de caráter público entre o novo acesso, o edifício histórico e as construções adjacentes.
Relação interior
Enquanto a operação exterior separa os volumes para liberar o solo, no interior ocorre o efeito inverso ao ocupar todo o espaço de maneira que ambas as partes (a nova e a original) são mantidas como dois elementos de uma mesma linguagem, estrutura e composição - mas em outra escala - separados por um eixo de circulações verticais. Uma vez que a nova proposta é um edifício autônomo, entende seu papel como extensão reinterpretando o sistema interior composto por um espaço central e uma série de espaços perimetrais e simétricos, trabalhando na mesma estrutura que a Villa Planta, gerando uma relação absolutamente coerente entre ambos os programas e compreendendo os percursos como um todo.
Referência ao ornamento Palladiano
Junto com a composição programática, o projeto encontra a atemporalidade através da repetição em série do detalhe em sua fachada, gerando uniformidade. Este padrão ornamental faz referência à arquitetura original, mas em seu novo contexto como edifício autônomo buscando uma relação de menor impacto entre o novo e o existente no conjunto urbano, um diálogo que reforça a ideia de unidade sem repetir, nem copiar elementos originais. O modo no qual as fachadas são compostas e em como o ornamento caracteriza o volume exteriormente reforça a expressividade do edifício, mas ao mesmo tempo, também reforça sua autonomia frente à Villa.
"O novo Museu de Arte é mais um passo na continuidade estabelecida entre a Villa e o jardim circundante, e do diálogo que o conjunto estabelece com a cidade; mas ao mesmo tempo a nova ampliação busca se mostrar como um edifício com significado próprio. Um edifício capaz de mostrar de modo claro seu pertencimento a um lugar, a uma cidade, e que ao mesmo tempo poderia pertencer a qualquer ambiente".
Museu de Belas Artes / Estudio Barozzi Veiga
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